Primeira virtude cardinal: a fé
Primeiro falamos neste espaço dos sete pecados capitais. Foi uma série que teve uma amplíssima repercussão da parte dos leitores, e isso me alegrou muito. Mas e as sete virtudes cardinais?
Os pecados precedem as virtudes. Como diz um grande sábio, aquele que não pecou, não tem mérito em sua virtude – porque não venceu nenhuma tentação. A maioria dos homens santos, de qualquer religião, geralmente tiveram uma vida dissoluta ou apática antes de dedicarem-se à busca espiritual.
Portanto, uma vez terminada a série de pecados, e seguindo a lógica do caminho da Luz, dedicaremos as próximas colunas às sete virtudes cardinais, começando com a Fé. Elas são derivadas da soma de três virtudes teológicas, acrescentadas de mais quatro baseadas em Platão, que foram adaptadas por Santo Agostinho e São Tomas de Aquino (no que se refere as quatro virtudes complementares, há muitas divergências, de modo que resolvi escolher a lista mais convencional).
Segundo o dicionário: do Lat. fide, confiança s. f., crença religiosa; convicção em alguém ou alguma coisa; firmeza na execução de um compromisso; crédito; confiança; intenção; virtude teologal.
Segundo Jesus Cristo: Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé. Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: arranca tuas raízes, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.” (Lucas, 17: 5-6)
Segundo o budismo: “Nós somos o que pensamos. Com o pensamento, construímos e destruímos o mundo.
Nós somos o que pensamos. A sua imaginação pode lhe causar mais dano que seu pior inimigo.
Mas, uma vez que você controla seus pensamentos, ninguém pode ajudá-lo tanto, nem mesmo seu pai ou a sua mãe.” (trecho Dhammapada, coleção de alguns dos principais ensinamentos de Buda)
Para o Islã: “Como purificamos o mundo?”, perguntou um discípulo.
Ibn al-Husayn respondeu: “Havia um xeque em Damasco chamado Abu Musa al-Qumasi. Todos o honravam por causa de sua sabedoria, mas ninguém sabia se era um homem bom. Certa tarde, um defeito de construção fez com que desabasse a casa onde o xeque vivia com a sua mulher. Os vizinhos, desesperados, começaram a cavar as ruínas. Em dado momento, conseguiram localizar a esposa”.
“Ela disse: “Deixem-me. Salvem primeiro o meu marido, que estava sentado mais ou menos ali”. Os vizinhos removeram os destroços no lugar indicado, e encontraram o xeque. Este disse: ” Deixem-me. Salvem primeiro a minha mulher, que estava deitada mais ou menos ali.”
“Quando alguém age como este casal, está purificando o mundo inteiro através de sua fé na vida e no amor”.
A fé de negar a realidade: “um ano atrás, eu fiz um discurso em um porta-aviões, dizendo que tínhamos conseguido atingir um importante objetivo, cumprido uma missão, que era a remoção de Saddam Hussein do poder. Como resultado, não existem mais celas de tortura, ou covas coletivas”(George W. Bush, 30 de abril 2004. Neste mesmo mês, o mundo veria as fotos de tortura na prisão de Abu Graib, e as execuções coletivas da guerra civil entre shiitas e sunitas continuam até o momento em que escrevo esta coluna)
Segundo o rabino Nachman de Bratzlava: um discípulo procurou o rabino e comentou: “não consigo conversar com o Senhor”.”Isto acontece com freqüência”, respondeu Nachman. “Sentimos que a boca está selada, ou que as palavras não aparecem. No entanto, o simples fato de fazer um esforço para superar esta situação, já é uma atitude benéfica”.
“Mas não é o suficiente”.
“Tem razão. Nestas horas, o que se deve fazer é virar-se para o alto e dizer:” “Todo-Poderoso, estou tão longe de Ti que não consigo nem acreditar na minha voz.” Porque, na verdade, o Senhor escuta e responde sempre. Somos nós que não conseguimos falar, com medo que Ele não preste atenção.”
Retirado de: Guerreiro da Luz